A cada ano, o Brasil produz quase 80 milhões de toneladas de lixo. Um terço desse volume vai parar nos lixões a céu aberto ou em aterros improvisados, sem a vedação adequada para impedir a contaminação do solo. Cerca de 90% dos resíduos descartados de forma inadequada poderiam ser reaproveitados, mas, por falta de políticas públicas para coleta seletiva e reciclagem do lixo, o país reutiliza menos de 4% do total descartado. Esse índice é pior ainda quando se considera apenas o lixo plástico, um dos vilões da poluição de mares e oceanos.
O Brasil é o quarto maior produtor mundial de lixo plástico, mas recicla apenas 1,3% desse material. Na Índia, 60% de todo o plástico produzido é reciclado. Além do impacto ambiental, há perda de uma importante fonte de receita. Na Alemanha, a reciclagem de lixo movimenta 70 bilhões de euros por ano. No Brasil, cerca de 14% do lixo produzido é de embalagens de plástico. Se fossem reciclados, esses resíduos poderiam gerar mais de 6,5 bilhões de reais para a economia.
“É muito dinheiro, sem falar nos benefícios que poderiam ser criados para o meio ambiente e para a qualidade de vida da população”, diz Carlos Silva Filho, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Algumas iniciativas tentam mudar esse cenário. No fim do ano passado, a unidade Coca-Cola Femsa, engarrafadora da fabricante de bebidas Coca-Cola, criou um centro de reciclagem em São Paulo, o SustentaPet. Mais de 700.000 garrafas PET chegam ao local todos os dias. Em uma área de 3.000 metros quadrados, que exigiu um investimento de 2,5 milhões de reais, as embalagens são prensadas em uma máquina e enviadas a empresas de reciclagem, que trituram o plástico e o transformam numa resina.